Cirurgias de coluna durante a pandemia de coronavírus

Devido à pandemia de coronavírus (COVID-19), as cirurgias eletivas em geral foram suspensas e está sendo priorizado o tratamento dos casos de casos de COVID-19, e isto inclui as cirurgias de coluna.

A suspensão das cirurgias eletivas auxilia no controle da pandemia, pois reduz a circulação de pessoas saudáveis nos hospitais, sejam estas pacientes e/ou acompanhantes, reduz a ocupação de leitos de enfermarias e UTI’s, reduz o uso de EPI’s (equipamentos de proteção individual) pelos profissionais de saúde, etc.

Entretanto, nem todas as cirurgias de coluna são eletivas. Há casos em que as cirurgias não podem esperar muito tempo para serem realizadas, pois este atraso pode ser responsável pelo surgimento de déficits neurológicos (perda de força, alteração de sensibilidade, perda de controle da urina), deformidades, dor crônica, etc.

Diante disto, as Sociedades Brasileiras de Neurocirurgia, de Coluna e de Ortopedia elaboraram em conjunto um documento que visa auxiliar os especialistas (neurocirurgiões e ortopedistas de coluna) e os gestores da área de saúde (diretores de hospitais e de planos de saúde) a definir prioridades na área de atuação de cirurgia de coluna.

Seguem abaixo as orientações das sociedades de especialidades médicas:

Cirurgias urgentes

  • Radiculopatias cervicais ou lombares que se apresentem com déficit neurológico;
  • Hérnia discal causando síndrome de cauda equina (fraqueza nas pernas, perda de sensibilidade na região perineal (entre ânus e genitália) e perda do controle esfincteriano (urina e/ou fezes));
  • Hematoma epidural;
  • Sepse secundária a espondilodiscite ou abscesso epidural;
  • Traumatismos da coluna com déficit neurológico;
  • Fraturas instáveis da coluna, sem déficit neurológico;
  • Tumores da coluna, de origem óssea ou neural, causando déficit neurológico;
  • Complicações agudas pós-operatórias, como fístula liquórica.

Tais apresentações clínicas devem ser manejadas com urgência, dentro de 24-48 horas, e na falta de condições locais, o paciente deve ser transferido para outro centro. As técnicas empregadas devem objetivar uma hospitalização reduzida, minimizando a necessidade de cuidados intensivos (internação em UTI).

Cirurgias de urgência retardada / urgência potencial

  • Radiculopatias hiperálgicas (secundárias a patologias como hérnia discal, estenose de canal vertebral, espondilolistese), refratárias ao tratamento medicamentoso e que necessitem de hospitalização;
  • Mielopatia cervical/torácica aguda ou rapidamente progressiva;
  • Fraturas da coluna sem instabilidade, mas com indicação de cirurgia;
  • Fraturas patológicas com instabilidade, sem déficit neurológico;
  • Complicações agudas pós-cirúrgicas como deiscência de sutura, infecção pós-cirúrgica.

Tais apresentações clínicas devem ser tratadas cirurgicamente na medida do possível, no decorrer de 4-7 dias, pelo risco de tornarem-se urgências verdadeiras. As técnicas empregadas devem objetivar uma hospitalização reduzida, minimizando a necessidade de cuidados intensivos.

Cirurgias não-urgentes

  • Transtornos degenerativos dolorosos crônicos sem déficit neurológico (discopatias, hérnia discal sem déficit motor, estenose lombar sem déficit progressivo, espondilolistese degenerativa sem déficit neurológico progressivo);
  • Deformidades da coluna;
  • Reintervenções por falha de implante/pseudoartrose sem alteração neurológica ou instabilidade;

Tais apresentações clínicas devem ser postergadas até a normalização do atendimento aos pacientes infectados.

As Sociedades de especialidades deixam claro que esta não é uma lista definitiva, e que casos especiais podem ser discutidos pela equipe cirúrgica/anestésica em conjunto com a coordenação do hospital.

Todos devem estar cientes dos riscos de infecção pelo COVID-19 durante o período de hospitalização.

Para acessar o documento original na íntegra clique aqui.

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