Minha hérnia de disco pode regredir sozinha?

Muitos pacientes possuem essa dúvida: Doutor, minha hérnia de disco pode regredir sozinha? Ela pode reabsover?

Nesse artigo explicarei um pouco sobre esse tema e esclarecerei essa dúvida.

Tipos de alterações dos discos intervertebrais

Nossa coluna envelhece junto conosco e, portanto, alterações degenerativas da coluna vertebral são comumente encontradas em exames de imagem realizados em adultos.

Estas alterações vistas nos exames de imagem (ressonância magnética (RM), tomografia computadorizada (TC), etc) nem sempre causam dor e, muitas vezes, não são os responsáveis diretos pela dor apresentada pelos pacientes.

Os discos intervertebrais também envelhecem e se desgastam, podendo apresentar desidratação, perda de altura, fissuras em suas porções mais externas, etc.

Podem ainda apresentar projeções em direção ao canal vertebral, onde se localizam a medular espinhal e os nervos. Estas alterações podem ser divididas em:

Abaulamento discal Protrusão discal Hérnia discal extrusa Hérnia discal
sequestrada

Estudo científico

Um artigo científico entitulado “Systematic review and meta-analysis of predictive factors for spontaneous regression in lumbar disc herniation.” foi publicada em jul/23 na revista Journal of Neurosurgery Spine.

Essa revisão sistemática avaliou resultados de estudos científicos englobando 360 casos de regressão de hérnias de disco lombares, sendo a maioria em pacientes jovens, do sexo masculino, portadores de hérnia de disco nos níveis L4-L5 ou L5-S1 e que apresentavam como queixa radiculopatia, ou seja, dor na(s) perna(s).

Todos os pacientes apresentavam hérnias discais sintomáticas e realizaram ao menos dois exames de RM para avaliar a regressão.

O tempo médio de acompanhamento das imagens foi de 11,5 meses.

Probabilidades de regressão das hérnias de disco lombares

Foram encontradas as seguintes probabilidades de regressão espontânea, de acordo com o tipo de “herniação” identificada no exame de imagem (RM):

  1. Abaulamento discal: 13,3%
  2. Protrusão discal: 52,5%
  3. Hérnia de disco extrusa: 70,4%
  4. Hérnia de disco sequestrada: 93,0%

O artigo centífico confirma o que constatamos rotineiramente no consultório, em nossa prática clínica, de que hérnias de disco extrusas e sequestradas possuem maior probabilidade de regressão espontânea que abaulamentos e protrusões discais.

Outros fatores preditores de regressão foras:

  • Maior volume de hérnia basal
  • Hérnia transligamentar
  • Tipos Komori superiores

Conclusão

Os resultados desse artigo científico reforçam a importância de, sempre que possível, tentar-se o tratamento conservador (analgesia, fisioterapia, Pilates, etc) antes de indicar procedimentos, principalmente a cirurgia.

Os paciente com hérnias discais extrusas e sequestradas geralmente apresentam crises de dor muito intensas e incapacitantes e, frequentemente, estão dispostos a realizar qualquer coisa para se verem livres dessa dor.

Cabe ao médico/cirurgião orientá-lo sobre as possíveis evoluções de seu tratamento e da grande chance de melhora da dor com o tratamento conservador, reservando o tratamento cirúrgico para os casos de falência do tratamento conservador e para os casos que apresentem sinais de gravidade, como fraqueza nas pernas, anestesia em sela (no períneo) e dificuldade para urinar.

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