1. Vou ficar em repouso para proteger minha coluna e melhorar mais rápido.
O tratamento das dores crônicas na coluna vertebral tem um de seu pilares na realização de atividades físicas, dentre elas fisioterapia, Pilates, RPG, etc, buscando-se o alongamento e fortalecimento muscular. Atividades físicas são benéficas e essenciais para o tratamento e para a prevenção das dores crônicas na coluna vertebral. É comum pessoas com dores crônicas apresentarem medo de se movimentar, chamado de cinesiofobia, o que prejudica o tratamento e deve ser combatido. O repouso apenas é recomendado em alguns casos específicos, de acordo com a avaliação médica. Os exercícios devem ser realizados de forma leve, gradual e seguindo a orientação de um especialista (fisioterapeuta ou educador físico).
2. Vou tomar um anti-inflamatório para melhorar minha dor. Não vai me fazer mal, já que posso comprar na farmácia sem receita.
O uso crônico de anti-infamatórios pode sim aliviar a dor, mas em contrapartida há o risco de lesões gásticas (gastrite, úlcera) e renais (podendo inclusive levar a insuficiência renal). Portanto, o uso de forma crônica destas medicações deve ser evitado.
As medicações preconizadas para tratamento de dores crônicas são diferentes daquelas utilizadas para tratamento de dores agudas (fraturas, contusões, pós-cirúrgias recentes, etc). (clique aqui e saiba mais sobre uso de medicamentos para dores crônicas)
3. Minha dor é muito intensa. Só cirurgia para resolver!
A cirurgia para tratamento de dores crônicas da coluna (ex.: hérnia de disco, artrose, artropatias, espondilolistese, etc) estará indicada em uma minoria dos casos onde há falência do tratamento conservador ou outros sintomas mais graves como fraqueza, perda de sensibilidade ou perda de controle esfincteriano, por exemplo. Deve-se ter em mente também que a realização de cirurgia não é garantia de melhora ou cura da dor, apesar de ser uma excelente opção em alguns casos bem selecionados, como citei acima.
A grande maioria dos pacientes com dores crônicas na coluna não precisará de cirurgia para tratar sua dor, e apresentará controle satisfatório de suas dores com o tratamento conservador, que pode consistir de uma ou mais das seguintes modalidades (analgesia, fisioterapia, Pilates, RPG, acupuntura, agulhamento seco, bloqueios/infiltrações, rizotomias, etc), devendo sempre que possível ser realizado antes de se pensar em uma cirurgia.
4. Da mesma forma que apareceu, esta dor vai sumir! Sozinha.
Algumas dores persistem além do tempo de recuperação normal ou esperado, deixando de ser um sinal de alerta e se tornando crônicas.
O tratamento das dores crônicas é, em muitas ocasiões, complexo e deve ser tratado de forma multidisciplinar por profissionais qualificados e especializados no tratamento deste tipo de dor.
Procure um especialista para tratar sua dor e evite sofrimento desnecessário.
5. Uma conhecida melhorou após tomar um remédio ou após fazer uma cirurgia. Vou fazer o mesmo que também vou melhorar.
Não compare sua dor com a de outra pessoa. Existem várias possíveis causas para a dor nas costas (músculos, articulações, discos intervertebrais, nervos, ossos, etc), além de vários fatores que influenciam na sensação e no comportamento doloroso (estado emocional, sedentarismo, obesidade, doenças concomitantes, etc).
Isto faz com que sua dor seja, de alguma forma, diferente da dor de outra pessoa.
O que funciona para ela pode não funcionar para você, ou até lhe ser prejudicial (efeitos colaterais, alergias, ganho de peso, etc).
6. Não vou fazer fisioterapia. Não serve para nada!
A fisioterapia é parte fundamental do tratamento da imensa maioria dos pacientes com dores crônicas. A fisioterapia deve ser iniciada assim que possível, e tem vários objetivos, dentre os quais liberações miofasciais, alongamentos musculares, fortalecimentos musculares, equilíbrio e reeducação postural e corporal, etc). Também é útil na revenção e novas crises dolorosas.
Entretanto, é extremamente importante que o tratamento fisioterapêutico seja personalizado e comprometido, para que cada paciente seja abordado e tratado da forma mais adequada às suas necessidades, proporcionando melhor resposta ao tratamento.
7. O remédio que meu médico receitou não funciona. Vou trocar por outro.
Algumas medicações utilizadas para tratamento de dores crônicas são prescritas com o objetivo de reduzir a sensação de dor percebida pelos pacientes, e seu início de ação pode ser tardio (melhora percebida apenas após algumas semanas de início do uso da medicação).
Portanto, interromper o tratamento de forma precoce e sem consultar seu médico pode impedir que você tenha uma resposta adequada ao tratamento que poderia lhe auxiliar no controle da dor e na redução da necessidade de uso de outras medicações como analgésicos, relaxantes musculares, anti-inflamatórios, etc.
Procure sempre consultar seu médico antes de suspender uma medicação prescrita por ele. A menos que haja efeitos colaterais importantes ou alergia.